"A dança é o que abastece nossa energia e nos deixa feliz" - Rumo ao Nacional

Entre tantas coisas boas que o tradicionalismo proporciona aos seus praticantes, as maneiras de encontrar aquilo que amamos não poderia deixar de estar entre suas tantas vantagens; para o casal Luís Fernando e Mônica, foi através da dança que o tradicionalismo proporcionou essa união, o encontro e a realização de vários sonhos.

Antes de ingressar no tradicionalismo, o Luís já era participante de um grupo de danças alemãs no seu colégio, e por incentivo de amigos adentrou no CTG Tropilha Farrapa, de Lajeado. Diferente da Mônica, que adentrou no CTG Rincão das Coxilhas, de Teutônia, aos seus 7 anos por incentivo de sua vó, onde praticou várias modalidades além da dança, como declamação, intérprete solista vocal e par de chote, até enfim se encontrar nas Danças Gaúchas de Salão.

Mônica relembra que tomou gosto pelo Movimento e passou a realizar vários cursos de Danças de Salão, assim como Luís em sua cidade, onde aprendiam os passos e ritmos gauchescos. Com seus amigos, costumavam juntar um grupo de pessoas e percorriam as cidades da região para frequentar e se divertir em bailes gauchescos. Em 2006, durante um baile, Mônica foi convidada por um peão para dançar e acabou aceitando o convite. Neste momento começa a história deste casal, e com emoção conta: “foi durante a figura da ‘janelinha’, em um chote figurado, que o Luís pediu para ficar comigo pela primeira vez”.

Logo ao se conhecerem, já em 2007, o casal realizou o seu primeiro curso de Instrutores de Dança de Salão, em Porto Alegre, abrindo a oportunidade para os dois atuarem como professores em cursos pela região. Em 2009, ambos decidiram participar de uma mesma entidade tradicionalista para que pudessem concorrer juntos em rodeios, sendo em Encantado a sua primeira apresentação, durante o Rodeio Artístico Regional, onde garantiram o título de Campeões da Danças de Salão e 3º Lugar na Categoria Par de Chote.

A partir daí, Luís e Mônica passaram a concorrer juntos em diversos rodeios do Estado. O casal não consegue mensurar quantos rodeios ou títulos foram conquistados durante a trajetória, mas se orgulham em lembrar que das 10 Inter-regionais que participaram, aproximadamente, 5 delas eles foram sagrados como campeões da modalidade, mostrando a dedicação e o envolvimento do casal para atingirem seus objetivos juntos. “Mas ao olhar para cada troféu, quase que de todos eu consigo lembrar das histórias que passamos, pois cada um teve seu momento especial que nos marcou” destacam.

Entre a realização de um sonho e outro, uma coisa que o casal tinha certeza desde o início de sua relação, era de que ambos gostariam de construir uma família. Este sonho se concretizou em 2016, poucos meses após se apresentarem na final do ENART junto com o Dudu, primeiro filho do casal. "Acaba que impactou muito em nossos ensaios, nossas rotinas, mas nem por isso deixamos de dançar. Levamos ele junto, sempre havia alguém para ajudar e cuidá-lo, e depois que começou a crescer sempre dávamos um jeito".

A segunda filha veio durante a pandemia, e diferente do seu irmão, acompanhou os pais em seu primeiro festival: o Festival dos Festivais, uma edição especial do ENART; "lembro de alguns ensaios dizer que estava cansada, pois ela não dormia então também não dormíamos, mas esse era o caminho que sempre quisemos trilhar, tínhamos que achar um jeito de conciliar tudo e fazer com que as crianças vivessem tudo junto da gente". O casal relata que mesmo com eles grandinhos, ainda é um pouco desafiador conciliar a vida familiar, com a profissional, de instrutores e dançarinos,

"mas é isso que nos deixa de pé, a dança é o que abastece nossa energia e nos deixa feliz" - completa a dançarina.

No ano seguinte, em 2023, após a troca de instrutores houveram mudanças drásticas nas rotinas, ensaios e apresentações, passaram a ter uma rotina com treinos supervisionados por especialistas, e até mesmo modificaram suas aparências. Tudo isso partiu de uma orientação vinda por um coreógrafo, contratado pelo casal, que disse "a primeira coisa é mudar esse visual", e fez-se a transformação. O Luís passou a deixar a barba crescer e a Mônica a usar um penteado mais solto, tudo para exaltar a juventude do casal. Foi neste ano que o casal atingiu o lugar mais alto do pódio, o sonho tão almejado: Campeões das Danças Gaúchas de Salão do ENART 2023.

Graças a esta conquista, o casal embarca nesta semana para a cidade de Cristalina, em Goiás, para participar do Festival Nacional de Arte e Tradição Gaúcha - FENART, promovido pela Confederação Brasileira de Tradições Gaúchas - CBTG, representando o Rio Grande do Sul, a 24ª Região Tradicionalista e o Grupo de Artes Nativas Anita Garibaldi na categoria. Após muito lutar por esta vaga, o casal sente-se preparado e carrega ótimas expectativas, "devido a uma mudança de regulamentação, não teríamos mais o direito de participar do FENART, eu já havia até comprado as malas para a viagem, algo me dizia que daria certo. Então num dia o Luís me ligou desesperado, aos prantos, me trazendo a notícia que havia liberado uma vaga e que participaríamos desta nova etapa do nosso sonho", comenta.

Depois de todo esse percurso, o casal reforça o sentimento de gratidão principalmente àqueles que vivem ao seu lado, dando amparo e conforto conforme as necessidades e desafios aparecem. "A gente tem uma rede de apoio enorme, é imensurável o que nosso pais e familiares fazem por nós, cuidando das crianças durante as longas noites de ensaio e também aos finais de semana, durante nossas viagens de rodeio quando eles não podem nos acompanhar".

Luís e Mônica ainda reforçam a importância de todos aqueles que acompanharam e torcem por eles, seus instrutores, amigos, colegas de trabalho, que certamente são responsáveis pelos passos que foram dados para que eles pudessem estar realizando mais este sonho, o de participar do Nacional.

"Dança é momento, é o lugar, é a música que toca, estamos treinados e com certeza vamos dar nosso melhor" - conclui.

O evento será transmitido ao vivo e os interessados poderão acompanhar o casal de suas casas, ficando atentos às orientações repassadas pelas redes sociais da CBTG.